Como quem gritava uma canção de ninar
ela dançou
fala de coisas tristes
e recitava poesias belas
Fazia e refazia amor
com homens
que só iam, só passam
Era feliz assim!
Sem porto
Sem estaca
Sem estanca
Acreditava em quase tudo que lhe diziam
quase
Tinha medo do amor
de amar
Receio de estar
e ficar
Cantarolava a todo instante
o que sentia
A fome que lhe apertava
Os sapatos que lhe doíam
Recriava o que não tinha
e se assumia
Era feliz assim!
Tinha de tudo nas mãos
e a seus pés
esta mulher
e grita
pulava
surrava
sorria, quando queria
entrançava o cabelo
e também coloria
Falava a verdade e a destorcia
brincava
de roda
elástico
amarelinha
Era feliz assim!
Sem porta
sem sala
sem cozinha
Só uma janelinha!
*MAriA piNhEiro*